quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Seja Homem!

Você já percebeu que uma pessoa adulta do sexo feminino recebe o devido respeito como mulher enquanto o mesmo não ocorre aos homens na maioria das culturas do planeta?

Creio que no senso comum, a honra do título “homem” não é concedida até que o indivíduo do sexo masculino demonstre o seu valor. Trata-se de uma condição de se fazer perceptível, dentro de uma espécie de critério. A sociedade espera dos homens que estes sejam suficientemente provedores de seu próprio sustento – se outra pessoa o faz, este ainda não chegou a ser verdadeiramente homem. Numa segunda expectativa, superior a anterior, o homem deve ter capacidade de gerar determinado provento adicional, sendo assim, capaz de beneficiar outros, como esposa, filhos ou outros dependentes.

Após alguns minutos de consulta ao oráculo Google, encontrei dois artigos, elaborados por estudiosos, que enfatizavam a vertente da sociedade atual: todo homem de verdade deve produzir mais do que consome. Em outras palavras, homem que é homem acumula riqueza.

É preciso lembrar que a cultura explora o homem e a mulher de modos diferentes, e por isso não creio que seja mais difícil ser um ou outro. Uma dessas maneiras exploratórias é exigir que o homem mostre-se sempre merecedor de respeito, provendo sustento para si mesmo e para outros. As mulheres não têm de enfrentar este tipo de desafio, e talvez seja por isso que a maioria dos casos de desalento e depressão no mercado de trabalho é de homens.

Nos tempos mais remotos, as sociedades consideradas evoluídas eram aquelas que possuíam o maior número de integrantes. A reprodução garantia a sobrevivência da espécie numa forma mais perceptível do que é hoje. Neste prisma, a necessidade social era que os úteros fossem maioria sobre os pênis, afinal pouquíssimos homens poderiam fertilizar um bom número de mulheres, garantindo o crescimento da tribo de forma suficiente – o contrário não seria possível. Portanto, as chances eram mais favoráveis para as mulheres, pois bastava a elas serem amáveis e esperar por um homem disposto a fazer sexo.

Como o sucesso estava sendo medido pelo número de herdeiros, para os homens a disputa tornou-se grande na esfera social. Uma mulher já fecundada era como uma vaga preenchida no balcão de empregos, e com isso forçava o homem a lançar-se ao mar, na busca pela conquista de novas terras e novas mulheres. Para vencer, o homem precisou ser inovador, criativo, explorador e com real capacidade de assumir riscos.

Neste ponto, pode-se concluir que descendemos do tipo de homens que fizeram uma viagem arriscada e que voltaram ricos. Somos filhos de mulheres amáveis que se relacionaram com homens que assumiram riscos. Creio que é nesse exato ponto onde se percebe a razão que a sociedade dedica aos homens um reconhecimento maior do que para as mulheres.

Talvez a natureza tenha adequado as mulheres para serem mais amáveis, enquanto os homens foram inclinados para correrem atrás da grandeza. Essa tendência masculina posicionou o homem nas duas extremidades sociais: os homens estão em maior número no governo, nas gerências, nos presídios, nas universidades, no tráfico, nas drogas, na promiscuidade, nos doutorados, no crime organizado e assim por diante. Quem é morto nas guerras? Quem possui profissões com as atividades mais insalubres? Quem são os sem-teto? Quem está no comando? Basicamente, homens.

Eis porque da religião, da literatura, da arte, da ciência, da ação militar, do mercado, da organização política e da medicina terem emergido da esfera masculina. Não é uma questão de habilidade prática muito menos uma conspiração masculina contra as mulheres, mas sim ao fato da cultura ter se desenvolvido essencialmente no modo de relacionamento social, o qual favoreceu os homens.

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