terça-feira, 11 de agosto de 2009

Espiritualidade à Flor da Pele

Nos últimos tempos, venho percebendo que a maior parte do que é comunicado sobre espiritualidade é sempre algo relacionado às esferas não humanas, a coisas e situações que nada tem conexão com a carne. E não é por menos: cresci ouvindo sobre a luta entre o espírito e a carne, e nesta rotina infectei-me com certa aversão aos impulsos de minha natureza. Os testemunhos que escutei em maioria traziam a associação de espiritualidade com maravilhas, milagres e dons espirituais, confinando assim a amizade, o amor e a compaixão num plano inferior.

O senso comum absorveu a espiritualidade como algo distante da vida normal, gerando confusão entre o desejo de nos aproximarmos de Deus e o estado de sermos conforme nossa natureza. Desta forma, ações foram classificadas em uma espécie de escaninho de entrada e saída: ler a bíblia é espiritual, assoviar não; cantar no coral é espiritual, dançar não; dar o dízimo é espiritual, manter a casa limpa não; jejuar é espiritual, receber um amigo para jantar não; vida devocional de um casal de namorados é espiritual, seu beijo não.

Cristo deixou claro que lidava com corpos e não com espíritos, pois não ignorava os embaraços da carne como doença, fome, dor, decrepitude ou morte. Ele esteve exposto a fome, ao medo, a sede, ao toque, ao beijo, e não recusou tal condição humana. A natureza divina de Jesus estava MANIFESTA NA CARNE e por isso ele exercia sua espiritualidade na esfera do toque, da visão, do tato, da presença, da companhia, do sabor, da voz, dos elementos, dos alimentos, dos abraços.

Jesus não apenas tolerou estar inserido como também não aboliu a carne: ele a redimiu! É pregado exacerbadamente que a espiritualidade é terreno exclusivo da vida devocional, da meditação, do jejum, da leitura, do discurso. Dificilmente é compreendida a espiritualidade num abraço, num beijo, numa declaração de amor, numa caminhada, num pedaço de pão compartilhado, numa flor recebida, num encontro em dia de sol.

Somos constantemente comunicativos sobre a importância de morrer e ressuscitar como Jesus, mas não há comunicação alguma para o passo maravilhoso que Jesus fez em direção a carne para santificá-la.
Vá e pregue o evangelho. Se necessário, use palavras.

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