terça-feira, 25 de agosto de 2009

Graça

Quando tinha 8 anos, quebrei o óculos da professora que estava em cima da sua mesa, por estar fazendo bagunça. Aos 13, levei suspensão por ter faltado com o respeito com a professora, cutucando-a por trás com uma caneta esferográfica. Mais de uma vez afanei brinquedos de colegas, tendo que devolvê-los após horas de bronca e surra.

Falsifiquei a assinatura da minha mãe, surrupiei dinheiro para jogar fliperama, quebrei a janela do vizinho atirando uma pedra propositadamente. Subi no telhado da casa da minha avó, usando os galhos de uma goiabeira que crescera mais que o normal, causando desespero aos adultos que assistiam tudo lá de baixo.

Colei nas provas do ginásio e do segundo grau. Escalavrei-me no asfalto mais 100 vezes caindo de bicicleta – uma vez quase fui atropelado pelo caminhão de lixo. Troquei socos com meu irmão, com meus primos, com meus vizinhos. Xinguei adultos e idosos. Fui considerado rebelde mais vezes do que consigo me lembrar.

Aos 12 anos, troquei beijos e abraços escondidos com a vizinha. Aos 18 experimentei cigarro para fazer charme a mesma vizinha. Dirigi meses a fio sem ter carteira de motorista. Bati na traseira de um carro e saí correndo do local do acidente uma vez. Apresentei atestado médico falso para justificar ausência na empresa onde fazia estágio.

Muitas destas atitudes foram sucedidas por enorme sentimento de culpa. Experimentei a sensação do peso na consciência. Morria de medo quando pensava na volta de Jesus. Como poderia eu ser salvo se faço todos estas coisas? Não devia eu ser santo?

A resposta destas indagações talvez eu não consiga oferecer. Há algo de constrangedor na graça da salvação. Há algo humanamente incompreensível no amor de Deus. Eu, pecador miserável, não pude escapar das garras da graça quando a encontrei.


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