domingo, 16 de agosto de 2009

Discípulo

Escrevi anteriormente sobre exemplos: ícones que brotaram no deserto da humanidade. Fiquei pensando numa frase de Gandhi: se os cristãos realmente vivessem de acordo com os ensinamentos de Cristo, como descritos na Bíblia, toda Índia seria cristã hoje. Em seguida lembrei que basta o discípulo ser com o seu mestre.

Este rebuliço de frases e idéias fizeram-me pensar um pouco sobre como é difícil ser um seguidor de Jesus. Como ser um imitador do maior de todos os exemplos? Como imitar alguém inimitável? Como ser discípulo de Cristo sem ser ofuscado por sua glória?

Quanto mais admirável o exemplo, mais difícil torna-se imitá-lo. Isso porque, paradoxalmente, quanto mais brilho o exemplo possuir, maior será a sombra que seu discípulo fará projeção. Quanto mais integridade o exemplo demonstrar, mais iniqüidade o discípulo apresentará. Isso se dá inevitavelmente pela proximidade junto ao mestre. Mas, há um pequeno detalhe e é esse o meu gancho para este texto.

A obra de Jesus estava apenas iniciada e cabia a seus discípulos continuar suas maravilhas aqui na terra. E sendo assim, deixou apenas uma recomendação: que não se dispersassem até que o espírito fosse derramado. E assim eles fizeram, formaram uma união nunca antes experimentada e essa foi o primeiro passo rumo a solução do dilema: como imitar Jesus.

Com a aproximação, surgiu a primeira comunidade cristã. Neste ajuntamento, eles tiveram que visualizar o segundo passo do seguidor de Jesus. Tiveram que aprender a ceder, acolher, aceitar, dividir e muito mais que tudo isso junto, a amar incondicionalmente. Jesus, na maioria das vezes concedia importância muito secundária a seus milagres, preferia evitá-los ou mantê-los em segredo. O enfoque do messias era uma espiritualidade desenvolvida na esfera do toque, na proximidade, na amizade.

O segundo passo que os apostos tomaram, foi deixar de considerar que a faceta mais digna de admiração do ministério de Jesus foram seus milagres e não seu caráter, seu ensino, seu infinito amor e desconcertante perdão. Assim, estando eles imbuídos pelo espírito e totalmente transtornados pelo exemplo demonstrado passo a passo por Jesus, encontraram a solução.

Ser um verdadeiro seguidor de Jesus era desejar o que ele desejou: coisa alguma. Cristo esteve presente na terra e esteve unido com seu povo, falou na língua deles, dormiu na cama dos cobradores de impostos, sentou à mesa com pecadores e por assim ser, passou uma mensagem de inclusão a seus discípulos. Porém, ao manifestar seus milagres, ressaltava “não conte isso a ninguém”.

Cristo não procurou fama, não buscou notoriedade. É por isso que há mais registros dele falando “vá para sua casa” do que “venha me seguir”. Seu ministério foi desenvolvido na proximidade, fazendo uma inclusão de todos à graça do Pai por meio de seu sangue.

Aquele que abraça a todos sem distinção, que transmite tranqüilidade e perdão a qualquer um, que abençoa e que em nenhum momento deixa isso transparecer, este é o verdadeiro seguidor de Jesus. Aquele que reconhece como maior valor o abraço do que um milagre sobrenatural, este é o verdadeiro seguidor de Jesus.

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