quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Minhas Pretenções

Nunca fui um aluno exemplar. Tirei sempre notas medianas, não ganhei qualquer concurso de redação ou matemática, e minha reputação era sempre de um aluno distraído demais. Na época do ginásio, quando estava me tornando um adolescente, troquei esta distração pela algazarra e fui suspenso algumas vezes.

Entre os 12 e 18 anos, apaixonei-me quase um milhão de vezes levando fora em mais de 90%. Nesta mesma época, adquiri mais peso do que devia, troquei o basquete pelo violão, e viciei-me em fast food. Como resultado, descartei qualquer possibilidade de ser um referencial de boa aparência – se isso foi possível um dia.

Sempre ouvi dizer que músico no Brasil morre de fome e que músico curitibano morre ao nascer. A partir dos 18 anos, este era o meu paredão de fuzilamento, pois não tinha nada neste planeta que idealizasse como paixão ocupacional que não fosse música.

Para piorar, nunca fui um músico talentoso ao ponto de angariar qualquer reconhecimento ou colocação profissional. Não tinha bons equipamentos, não lia partituras, não tinha competências operacionais para atuar um estúdio, não tinha bons contatos e não recebia boas indicações. Ainda que eu fosse habilidoso e tivesse um “ouvido bom”, o máximo que consegui foi tocar numa bandinha de garagem bem divertida.

Hoje, minha situação não é muito diferente. Sou obeso (meu peso tem sempre três dígitos), deixo a mostra o couro cabeludo no cocuruto pela calvície, minhas notas estão sempre na linha média.

Este blog possui indagações teológicas (estou correndo de qualquer teologia, muito menos de propor alguma), e desta forma pode levantar alguns questionamentos dos leitores. O que posso dizer é que não tenho a pretensão de tornar-me um rival dos inteligentíssimos mestres da teologia fundamentalista. Eu sempre levo homéricas lavadas quando eles rechaçam quaisquer dos meus argumentos. Eu sou inapto para fundar qualquer escola de pensamento ou movimento religioso – não tenho cacife para tal coisa (entenda-se prazer).

Por ser um tagarela e bem-humorado, sempre expus abertamente os meus insights. Também nunca me acomodei com o que sabia e nunca me associei com mediocridade. Fiz inimigos, gerei constrangimentos e acabei antipatizado por muita gente por expor uma opinião forte e truculenta, parecendo um elefante trombeteando.

Sei que também fiz adeptos e inspirei algumas pessoas. Peço àqueles que me odeiam misericórdia, pois não sou tão desequilibrado e perverso quanto dei a entender. Aos admiradores, imploro que não me sigam e não me idealizem: escondo uma tonelada de defeitos debaixo da pele.

Você deve estar se perguntando: se sou tão estabanado e vivo dando braçadas na rotina, qual é a minha pretensão afinal? Qual é a minha luta e busca?

Vou passar por esta vida apenas uma vez e, mesmo atabalhoado, quero contribuir de alguma forma para um mundo melhor. Tão somente quero oferecer-me como amigo e dar o ombro aos cansados, dividir o pão e o teto com pobres e aflitos. Quero uma vida sem estardalhaços, sem messianismos e sem falsidade.


3 comentários:

  1. Conheço esse cara a não sei quanto tempo, mas convivo com ele quase todos os dias. Temos idéias muito diferentes e discordamos de muitas coisas, aliás, não concordamos em quase nada, mas mesmo assim, não sei o porque, vou com a cara dele, afinal de contas ele é um gordinho simpático.

    E cara, além de falar muito bem e firme quando tem que expor sua opinião, escreve muito bem.

    Parabens.

    Abraços.

    Rodrigo Cruz.

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  2. Pasmem! Estou sendo elogiado por um capitalista... he he he.

    Seja bem vindo, Rodrigo. Nossa convivência é mais que a degustação de epopéias de mestres e doutores, é contato direto com o mercado de canudos. Um dia, quem sabe, nos livraremos do capital maldito.

    Abraços.

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  3. Capitalismo selvagem, mas sempre com amor no coração.

    Rodrigo Cruz

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Boas leituras!