sábado, 7 de novembro de 2009

Solidão

Às vezes eu sinto uma dor no peito, uma angústia inexplicável. O choro é manifesto quase que em seqüência e muitas vezes me encolho no sofá, apertando os dedos das mãos junto ao coração. Nem sei por que isso acontece. Simplesmente vem essa tristeza e quando percebo, estou envolvido numa solidão sem tamanho.

Eu gosto de ficar sozinho. Sou esquisitão. Nestes instantes de abandono, seleciono uma música saudosista, e passo a refletir na melodia e na poesia da canção. Os olhos se enchem de lágrimas ao som dos quatro rapazes de Liverpool. Fico imaginando um mundo de sonhos, onde sou um homem realizado, satisfeito com o que produzi e percebendo que muitos dos que eu dediquei carinho e atenção, sabem retribuir.

Tem dias que não me sinto empolgado com nada, não me sinto confiante em nada, e minha estima chega a aproximar-se do zero. Passo a detestar meu corpo, judiado pela obesidade e pelo sedentarismo. Arrumar-se é quase que uma tortura de campo de concentração: calças e camisas roubam-me a força do sorriso. Nada me serve confortavelmente.

Não sou idiota. Ser magro ou possuir um corpo atlético não me livraria de nenhum dos meus momentos de tristeza, porque nem sei de onde eles vêm. Entendo perfeitamente que minha vida não possui blindagem alguma, e que toda a pancada que vier na minha direção me acertará em cheio se eu não me desviar.

Sinto o gosto do fel do abandono, feito o companheiro que percebe o amigo desviando o passo para não cumprimenta-lo publicamente. Eu tento não passar por momentos assim, mas continuo muito tosco; fico magoado por pouca coisa, abro espaço pro silêncio, e a introspecção aparece feito velha amiga.

Assim vou levando minha vida: tropeçando nos cadarços, cambaleando feito cego em tiroteio, tateando a porta para encontrar o buraco da fechadura. Confesso que tenho medo do abandono, mas percebo que a solidão me cai bem.


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Boas leituras!