segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Opção Solitária

O sentimento de angústia sempre foi uma espécie de companheiro. Escolhi inúmeras vezes a solidão em vez dos amigos para ter tempo para pensar na minha vida – em especial no futuro, procurando decifrar o porquê daquele aperto no peito. Fui taxado como mal-humorado muitas de vezes por essa opção solitária. Sempre gostei de ficar sozinho, sem ter nada para fazer.

Entendo que a vida é como um corredor de paredes ásperas que se estreitam com o passar dos anos. Tem dias que pareço estar gritando dentro de uma bolha e que ninguém consegue ouvir. Meu coração se corrói quando minha opinião não é considerada ou quando sou classificado como jovem demais para ser levado em conta.

Nunca dei crédito as opiniões que colocavam minha angústia com problema espiritual. Sempre me senti próximo de Deus e fiz valer a citação bíblica que nada podia me separar do seu amor. Se nem anjos ou principados podiam criar distância entre mim e meu Senhor, alguma angústia pessoal poderia?

Eu não faço defesa alguma para o sofrimento. Ao contrário, gostaria que ninguém sofresse. Gostaria que crianças não sofressem com o divórcio egoísta dos pais, gostaria que famílias não passassem fome pela má distribuição de renda, que jovens não perdessem o sentido da vida ao se viciarem com drogas.

Acontece que tenho momentos estranhos. Fico quieto, pensativo, muito diferente do meu padrão. Esforço-me constantemente para não deixar que alguma coisa engaiole a alegria, pois sei que algumas tristezas são destrutivas. Meu silêncio é apenas para dar um sentido a minha angústia. Rebusco pensamentos lógicos, converso com Deus, procuro sabedoria, dou braçadas no mar da solidão.

Quando encontro algum sentido, encho o peito de emoção. Creio que pagamos um preço para crescer em humanidade, pois a sabedoria custa caro. O mesquinho não sofre. O idiota não questiona. O ingênuo não se aflige. Mas eu percebo que evoluo crise após crise, angústia após angústia. Renovo-me após alguns momentos de silêncio.


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